, no Brooklyn, na cidade de Nova Iorque. Era filha do dançarino flamenco Eduardo Cansino, natural de Castilleja de la Cuesta, e de Volga Hayworth, chefes de uma famosa família de dançarinos ciganos espanhóis.
Seu pai queria que ela se tornasse dançarina, enquanto a mãe desejava que ela fosse atriz. Seu avô, Antonio Cansino, era o maior expoente de Dança Clássica Espanhola, sua escola de dança em Madrid era mundialmente famosa, e foi ele quem deu a Rita, sua primeira lição de dança.
Assim que ela fez três anos e meio, começou a ter aulas de dança. Ela não gostava, mas não teve coragem de contar para o pai. Durante vários anos ela frequentou diariamente aulas de dança no Carnegie Hall, sob a instrução de seu tio Angel Cansino.
Com oito anos de idade, sua família se mudou para o oeste de Hollywood, onde criaram sua própria Escola de dança. Famosos artistas de Hollywood receberam treinamento do próprio Eduardo Cansino, incluindo James Cagney e Jean Harlow.
Com a Grande Depressão, os negócios da família faliram. Os Musicais já não estavam na moda, e ninguém mais tinha tempo para aulas de dança em um período econômico tão difícil. Mas quando um sócio do sobrinho de Cansino, que estava dançando em um musical quebrou a perna, sua mãe sugeriu que Rita fizesse o papel.
A ideia de Volga deu um grande plano para Eduardo: fazer parceria com a filha no número de vaudeville que ele já possuía, chamado "The Dancing Cansinos". Como Rita não tinha idade suficiente para trabalhar nas casas noturnas e bares da Califórnia, ela e seu pai viajaram pela fronteira até a cidade de Tijuana no México, um local turístico popular para os cidadãos de Los Angeles no início da década de 1930. Rita trabalhou em lugares como o Foreign Club e o Caliente Club.
Foi no "Caliente Club", em 1935, que Rita foi descoberta pelo diretor da Fox Film Corporation, Winfield Sheehan. Uma semana depois, Rita foi levada para Hollywood, para fazer um teste na Fox. Impressionado com o seu desempenho, Sheehan, assinou um contrato de seis meses com Rita (Agora conhecida como Rita Cansino).
Durante seu período na Fox, Rita apareceu em cinco filmes, nos quais seus papeis não foram nem importantes nem memoráveis. Estreou como coadjuvante/secundária em Sob o Luar dos Pampas (Under the Pampas Moon, 1935), um faroeste passado na Argentina, estrelado por Warner Baxter.
Foi escalada para vários outros papéis pequenos, nos quais se destacou por seus dotes para a dança e por sua beleza. Com o final de seu contrato de seis meses, o então Produtor Executivo Darryl F. Zanuck não se interessou por ela e não renovou seu contrato.
Em 1937, já com 18 anos, casou-se com seu empresário, Edward Judson, que tinha o dobro de sua idade. Mesmo, ela tendo sido abandonada pela Fox, Judson conseguiu para ela vários papeis em filmes independentes, e finalmente conseguiu marcar um teste com a Columbia Pictures, estúdio que tentava se firmar como um dos grandes de Hollywood e, por isso, necessitava ardentemente de estrelas importantes.
O Chefão do estúdio, Harry Cohn, logo assinou um contrato de longo prazo. Rita começou a fazer pequenos papeis nos filmes da Columbia. Cohn disse que a imagem de Rita era muito mediterrânea, o que causou que ela fizesse vários papéis Hispânicos.
Rita passou por uma dolorosa eletrólise para aumentar a testa e acentuar o Pico de Viúva. Quando estreou na Columbia, ela havia mudado a cor do seu cabelo, de castanho para um tom de ruivo, e passara a se chamar Rita Hayworth (Usando o nome de solteira de sua mãe).
Rita passou por uma difícil transição de dançarina de cabaré para estrela de cinema. Ela era, em primeiro lugar, uma dançarina, tornar-se atriz foi uma maneira de ganhar a vida.
A colunista de fofocas Louella Parsons, achou que Rita Hayworth não seria bem sucedida. Ela a conheceu justamente quando ela estava começando, e a viu como uma garota "tímida" e que "não podia olhar estranhos nos olhos" e cuja voz era tão baixo que mal podia ser ouvida.
A Columbia, parecia não saber o que fazer com ela. Em 1935, quando tinha 17 anos, ela foi retirada do elenco de Ramona e substituída por Loretta Young. "Foi a pior decepção da minha vida", disse Rita. Ela ficou arrasada, mas não desistiu. Rita continuou a aparecer em uma série infindável de produções B, ora como protagonista, ora como coadjuvante/secundária.
Em 1939, Cohn pressionou o diretor Howard Hawks a usar Rita para um papel pequeno, mas importante, em
Paraíso Infernal (Only Angels Have Wings), um grande sucesso de bilheteria estrelado por Cary Grant e Jean Arthur.
Cohn começou a ver Rita Hayworth, como sua primeira estrela (o estúdio nunca teve oficialmente grandes estrelas sob contrato, com exceção de Jean Arthur, que estava tentando sair do seu contrato com a Columbia).
No ano seguinte, Harry Cohn, começou a construir Rita Hayworth, usando-a em filmes como Melodias do Meu Coração (Music in My Heart), Protegida do Papai (The Lady In Quenstion) e Anjos da Broadway (Angels Over Broadway).
Mas sua sorte só começou realmente a mudar quando foi emprestada à MGM para fazer o terceiro papel feminino de Uma Mulher Original (Susan and God, 1940), de George Cukor, drama estrelado por Joan Crawford e Fredric March.
No ano seguinte, novo empréstimo, agora para a Warner Bros., onde foi o segundo nome feminino em Uma Loira com Açúcar (The Strawberry Blonde, 1941), comédia de Raoul Walsh, com James Cagney e Olivia de Havilland. Um sucesso de bilheteria, que deu grande popularidade para Rita Hayworth, que imediatamente se tornou uma das mais quentes de Hollywood.
A Warner ficou tão impressionada com ela, que tentou comprar seu contrato da Columbia, mas Harry Cohn se recusou a libera-la.
Ainda em 1941, seu sucesso na Warner Bros. levou-a a ser emprestada à Fox, para interpretar Doña Sol na superprodução Sangue e Areia (Blood and Sand), drama de Rouben Mamoulian, estrelado por Tyrone Power e Linda Darnell. Este filme lançou-a como o símbolo sexual por excelência de toda aquela década.
Nos anos que se seguiram, Rita brilhou em musicais da Columbia, como Ao Compasso do Amor (1941), Bonita Como Nunca (1942), ambos com Fred Astaire e Modelos (1944), com Gene Kelly, firmando-se como uma das maiores dançarinas das telas e a maior estrela romântica dos anos 1940. Porém, a chegada do sucesso profissional coincidiu com a crise em seu casamento, que acabou em divórcio em 1942.
A fama de maior estrela da década e de uma das mulheres mais desejadas e famosas do mundo consolidou-se ao estrelar, no auge de sua beleza, o clássico noir Gilda (1946), de Charles Vidor, ao lado de Glenn Ford, com quem já atuara antes em Protegida do Papai (1940), também de Vidor.
O marcante, ainda que brevíssimo, strip-tease de Rita ajudou a engrossar a enorme bilheteria que o filme recebeu em todo o mundo. Gilda, o filme mais importante de sua carreira, também marcou o início de seu lento declínio em Hollywood.
Assim como, na frase precisa da campanha publicitária, "nunca houve uma mulher como Gilda", assim também nunca mais Rita conseguiu repetir esse êxito, apesar de ter continuado a trabalhar em produções de sucesso.
Com Orson Welles, com quem se casara em 1943, Rita estrelou A Dama de Xangai (The Lady from Shanghai, 1948). O filme não agradou nem aos fãs nem à crítica, em parte porque Welles pediu-lhe que cortasse o cabelo e o pintasse de louro.
No mesmo ano, Os Amores de Carmen (The Loves of Carmen), também de Charles Vidor, reuniu-a novamente com Glenn Ford. A química funcionou outra vez e o filme foi sucesso. Em 1952, fez Uma Viúva em Trinidad (Affair in Trinidad), de Vincent Sherman, atuando pela quarta vez ao lado de Ford.
Seus dois filmes do ano seguinte foram dois grandes escândalos, pelo seus temas: Salomé (Salome, 1953), de William Dieterle, com Stewart Granger, onde fez o personagem bíblico que pediu a execução de João Batista e A Mulher de Satã (Miss Sadie Thompson, 1953), de Curtis Bernhardt, com Jose Ferrer, em que Rita interpreta uma pecadora que seduz um reverendo.
Seu último grande sucesso foi Meus Dois Carinhos (1957), de George Sidney, com Rita dividindo a cena com Frank Sinatra e Kim Novak, considerada a nova rainha da Columbia. Na hora de decidir quem encabeçaria o elenco, Sinatra resolveu a questão: "O direito de ter o nome em primeiro lugar pertence a Rita Hayworth. Ela é a Columbia Pictures e sempre será".
Rita ainda faria vários outros filmes, inclusive na Europa, mas seus dias de glória e sua época já eram coisa do passado. Trabalhou pela quinta vez com Glenn Ford, em O Dinheiro É a Armadilha (1966), de Burt Kennedy, e encerrou a carreira com A Ira Divina (1972), ao lado de Robert Mitchum. Coincidentemente, este último é um faroeste, como seu primeiro trabalho.
Rita casou-se cinco vezes: a primeira com Edward C. Judson (1937- 1942); a segunda com Orson Welles (1943-1948), com quem teve uma filha, Rebecca; a terceira com o príncipe Aly Khan (1949-1953), com quem teve princesa Yasmin Aga Khan; a quarta com o cantor Dick Haymes (1953-1955), e a última com James Hill (1958-1961).
Todos seus casamentos terminaram em divórcio. Considerada por muitos a mulher mais bonita da história do cinema, a despeito de Greta Garbo e Marilyn Monroe, a atriz definia seu insucesso no amor com a seguinte frase, que resiste à passagem do tempo: "A maioria dos homens se apaixona por Gilda, mas acorda comigo".
Morreu na casa de sua filha, Yasmin, em Nova Iorque, aos sessenta e nove anos, vítima do mal de Alzheimer, do qual padecia desde a década de 1960, mas que só foi diagnosticado em 1980. Está sepultada no Cemitério de Holy Cross em Culver City, Califórnia.